Dois casos graves de mau atendimento em saúde ocorridos na semana passada em Riachão do Jacuípe, deixaram sequelas graves em duas pacientes que buscaram ajuda no sistema municipal de saúde e tiveram falhas nos diagnósticos feitos. O primeiro caso foi o da idosa Cirila Ferreira Brito, de 77 anos, segundo Joelia Brito, filha da idosa, após passar mal em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), popularmente chamado de derrame, a idosa foi encaminhada ao Hospital Municipal de Riachão do Jacuipe (FUSAS), mas teve um atendimento muito superficial.
Ainda segundo Joelia, sua mãe queixava-se de fortes dores, chegando a chorar e gemer alguns momentos de tanta dor, mas não foi solicitado pelo médico que a atendeu nem sequer um raio-x. Mandada de volta para casa, o estado de dona Cirila se agravou, preocupada e extremamente angustiada com a situação, Joelia procurou nossa reportagem na manhã de ontem, (terça-feira 04/04) para denunciar o descaso, foi dada a orientação de que ela buscasse novamente atendimento no Hospital Municipal FUSAS, e assim ela o fez, através da Brigada de Socorristas Voluntários Anjos Jacuipenses, que levaram a idosa em uma de suas ambulâncias até a unidade de saúde.
Lotado, o hospital mais uma vez recebeu dona Cirila, que novamente foi atendida superficialmente, e mais uma vez ia sendo mandada de volta para casa, quando sua filha exigiu que fosse feito um raio-x na idosa, e foi aí que ficou constatado a incompetência do atendimento anterior, uma fratura nas costelas da idosa foi detectada, que já estava causando uma lesão no pulmão iniciando uma pneumonia. Bastante indignada, Joelia relatou todo o sofrimento da mãe através de áudios enviados ao programa jornalístico Jornal da Gazeta, na Rádio Comunitária de nossa cidade; a idosa segue em casa com poucos recursos e nenhuma assistência do poder público.
OUÇA:
CASO DE BARREIROS: Já no Distrito de Barreiros, distante cerca de 40 km da sede do município, outro caso gravíssimo chamou atenção e por pouco não causou a morte da paciente, a senhora Maria Ezilandia Santos Silva, na quarta-feira da semana passada (29/03), dona Pity, como é mais conhecida, teve um pico de pressão, que causou um princípio de AVC, o tipo isquêmico, com um dos lados do corpo já esquecido, inclusive tendo a fala embolada e a boca torta, dona Pity buscou socorro imediatamente no PSF de Barreiros, sem médico atendendo neste dia, ela foi atendida por uma enfermeira, que não teve o nome revelado, e a resposta para seus sintomas foi que a mesma “não tinha nada”, que tudo aquilo era stress ou o “calor”, e dona Maria Ezilandia (Pity), foi mandada ser volta para casa sem nem mesmo ser medicada ou ter uma prescrição de algum medicamento para sanar seus sintomas.
Sentindo-se muito mal, dona Pity ligou para sua irmã, Edelzuita Santos Silva e Silva, conhecida como Zuy, que imediatamente percebeu que a fala de sua irmã estava estranha; “Ela estava falando muito embolado, e queixando-se de dor de cabeça e que um lado do corpo estava esquecido, já estava até puxando de uma perna”, relatou. Foi quando as duas tentaram acionar o vereador Leo Magno, mas sem sucesso, buscaram então o administrador de Barreiros, conhecido por Bonerges, para solicitar o carro da saúde para trazer dona Pity até a sede e então ela ser atendida no Hospital Municipal FUSAS, também não conseguiram. Por último acionaram os Vereadores de oposição, Zil de Barreiros e Adonias de Barreiros, ambos numa ação conjunta conseguiram um carro que trouxe a paciente até Riachão.
Ao passar pelo médico de plantão, que não teve o nome divulgado, em menos de cinco minutos de consulta, foi dito que os sintomas que dona Pity estava sentindo não eram nada demais, e que ela voltasse para casa e tomasse dipirona. De volta ao Distrito, sem médico no PSF e nenhum recurso, a paciente penou a noite inteira com dores de cabeça e mal estar, foi quando a irmã dela, dona Zuy, junto com Milena Silva de Almeida, filha da paciente, que moram atualmente em Feira de Santana, resolveram buscá-la em Barreiros.
“Ela disse que achava que tava melhorando, então resolvi trazer ela para ficar comigo e eu cuidar dela e vermos o que ia fazer, foi quando ela chegou aqui e no dia seguinte acordou praticamente sem fala, muito debilitada, achamos que ela ia morrer, foi quando acionamos o SAMU, e ela foi levada para o Hospital Cleriston Andrade”, disse dona Zuy. Dona Pity ainda tem um filho de 11 anos, e ambas tem uma irmã com deficiência, que dona Pity cuidava; “Tivemos que trazer todos, como meu sobrinho e minha irmã excepcional iam ficar lá sozinhos?”, completou.
“Eu pensei que ia perder minha mãe, isso é um absurdo a falta de preparo, como é que uma enfermeira não consegue diagnosticar um princípio de AVC? Como pode um hospital como o de Riachão, que é dito em todo canto que tem um excelente atendimento de saúde, que está melhor do que antes, assim? Lá também não diagnosticou minha mãe e ainda mandou ela de volta para casa passando muito mal. Isso é triste, vergonhoso”, desabafou Milena.
E por pouco, de fato, dona Pity não entrou em óbito, ao dar entrada no HCA em Feira de Santana, ela foi imediatamente atendida pelos médicos que perceberam a extrema gravidade da situação e colocaram a paciente em uma unidade de terapia intensiva (UTI), onde ela ainda permanece com sua pressão arterial monitorada, mas ainda oscilando bastante, os médicos ainda avaliam se todo esse descaso por conta do mau atendimento local, deixará sequelas graves em dona Pity, talvez para o resto da vida;
“Se acontecer algo grave com minha irmã, alguma sequela permanente, ou pior, eu vou recorrer a todas as instâncias, lançarei mão de todos nossos direitos, irei correr atrás, não sou estudada mas sou informada, sabemos dos nossos direitos, irei fazer valer a lei, eles rezem para minha irmã ficar bem”, completou dona Zuy.
FUSAS E AS FALÁCIAS DO GESTOR: Em algumas entrevistas, o Prefeito do município, gaba-se de ter tomado o Hospital Municipal das mãos de uma concessão, que administrava a unidade através da empresa ISAS, que segundo ele “já começou fracassada”, mas a única ação relatada pelo Gestor de melhorias no Hospital Municipal, foram instalar TVs de LED de 52 polegadas e “ares condicionados” ou ar condicionados. Mas o centro cirúrgico está parado a mais de um ano sem cirurgias eletivas, que vinham sendo feitas periodicamente até 2021, não há plantonistas suficientes para a demanda, segundo alguns pacientes faltam até insumos, e para piorar, a Diretora Presidenta “SUMIU”, literalmente. A mais de dois meses, Simone de Cone Arouca não é vista na unidade e sequer responde mensagens dos funcionários, além disso, há relatos de que o Conselho Curador da FUSAS não atua, do mesmo ninguém sabe, vê ou ouve algum tipo de ação para sanar algumas demandas.
E por falar em concessão, saiu o ISAS, mas entrou o IVSS (Instituto Vida e Solidariedade Social), que nada mais nada menos, tem as mesmas ações e funções que o ISAS tinha, só que abertamente, aqui na FUSAS, atua apenas administrando terceirizados da parte de limpeza e serviços da unidade, mas alguns moradores da cidade desconfiam que a empresa atua também em outras áreas do Hospital Municipal de Riachão do Jacuipe.
POR ALANA ROCHA.
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