Em
mais um dia de sol escaldante, ainda assim as pessoas vieram de todos os
lugares da região para o sepultamento do líder espírita, que por muitos
anos pregou a paz e confortou famílias e pessoas desesperadas da
cidade.
De
Salvador, o promotor José Vicente veio se despedir e se juntou ao
ex-Juiz José Ferreira Filho, à prefeita Tânia Matos, a advogados,
empresários, vereadores, bancários, além de centenas de pessoas humildes
da sede e zona rural do município, que conheciam seu João Barbosa como
um grande pregador e também pelo seu vasto conhecimento como
proprietário de farmácia.
De
Feira de Santana, Lauro Matos também veio para o velório e sepultamento,
já que desde cedo se mostrou inquieto quando soube da noticia. “Liguei
para confirmar, porque não queria deixar de ver ele pela última vez”,
disse.
Espírita
e companheiro de seu João Barbosa durante muitos anos, o artista e
funcionário público Beto Lima compareceu ao sepultamento e revelou sobre
o que pensava do líder espírita. “Para mim foi a pessoa mais digna que
eu já convivi, pelo ser humano que ele foi, pelo seu trabalho junto ao
Centro Espírita e pela a sua ação de adotar e criar onze filhos, alguns,
inclusive, com problemas de saúde. Aprendi muito com ele, por isso o
tenho como um pai”, disse.
“Seu
João foi um homem digno para Riachão, muito mais do que certas pessoas
por aí que se colocam como importantes”, resumiu Edinage Maria Carneiro
da Silva, professora e mestra em Literatura Brasileira.
Família presente
Segundo
informações, a noticia da morte de seu João Barbosa foi dada por um dos
seus onze filhos, por volta das 4h30 da manhã, quando o dia se prepara
para amanhecer. Após ir descansar da noite em branco, Dona Lourdinha (a
esposa) deixou um dos filhos em seu lugar. Demorou pouco e ele levou a
noticia à mãe. “Parece que papai acabou de morrer”, dissera.
Como
não poderia ser diferente, a família de seu João Barbosa também esteve
presente no clube Lyra 8 de Setembro, onde aconteceu o velório, e no
cemitério. Fernanda, hoje formada pelo esforço do pai, veio de Feira de
Santana para a despedida. “Eu vim me despedir dele, pois ele é o amor da
minha vida, a pessoa que mais amo. Eu sou alguma coisa hoje por causa
dele, que me aconselhava e me orientava para a vida. Ele conversava
comigo, e eu estava com saudade de dar um beijo nele”, disse Fernanda,
emocionada.
“Lembro-me
de uma vez, durante a minha formatura, quando ele entrou no meu quarto e
deu a noticia de que já tinha conseguido o recurso para a minha festa.
Ele disse: ‘Filha, a porta do mundo se abriu para você. Nós já temos o
dinheiro para a sua formatura’. Então, se eu sou alguma coisa, devo
principalmente a ele”, reforçou Fernanda.
Outro
filho presente, Alexandre, que tem segurando a “barra” na Farmácia com a
ausência do pai, circulava no meio do povo com um buquê de flores nas
mãos. Com o semblante triste e preocupado, ele era confortado por
populares com abraços e palavras de carinho. Em silêncio, Alexandre
ouvia tudo, mas o pensamento estava no homem que heroicamente o adotou
como filho e que estava partindo para o outro mundo, ou havia
desencarnado, como diz a doutrina espírita.
Reflexão e homenagem
Qual
cidadão desta cidade não gostaria de homenagear e se despedir de “Seu
João Barbosa” numa hora como esta? De minha parte, renuncio à condição
de jornalista neste momento para também ter o direito de agradecer as
palavras dele, que, com certeza, não se espalharão como folhas secas
pelo chão.
Por Evandro Matos no portal Interiordabahia.com.br
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