quarta-feira, 13 de março de 2013

Riachão: Silencia a voz que confortou durante anos centenas de jacuipenses


Em mais um dia de sol escaldante, ainda assim as pessoas vieram de todos os lugares da região para o sepultamento do líder espírita, que por muitos anos pregou a paz e confortou famílias e pessoas desesperadas da cidade.

De Salvador, o promotor José Vicente veio se despedir e se juntou ao ex-Juiz José Ferreira Filho, à prefeita Tânia Matos, a advogados, empresários, vereadores, bancários, além de centenas de pessoas humildes da sede e zona rural do município, que conheciam seu João Barbosa como um grande pregador e também pelo seu vasto conhecimento como proprietário de farmácia.
De Feira de Santana, Lauro Matos também veio para o velório e sepultamento, já que desde cedo se mostrou inquieto quando soube da noticia. “Liguei para confirmar, porque não queria deixar de ver ele pela última vez”, disse.

Espírita e companheiro de seu João Barbosa durante muitos anos, o artista e funcionário público Beto Lima compareceu ao sepultamento e revelou sobre o que pensava do líder espírita. “Para mim foi a pessoa mais digna que eu já convivi, pelo ser humano que ele foi, pelo seu trabalho junto ao Centro Espírita e pela a sua ação de adotar e criar onze filhos, alguns, inclusive, com problemas de saúde. Aprendi muito com ele, por isso o tenho como um pai”, disse.

“Seu João foi um homem digno para Riachão, muito mais do que certas pessoas por aí que se colocam como importantes”, resumiu Edinage Maria Carneiro da Silva, professora e mestra em Literatura Brasileira.   

Família presente
Segundo informações, a noticia da morte de seu João Barbosa foi dada por um dos seus onze filhos, por volta das 4h30 da manhã, quando o dia se prepara para amanhecer. Após ir descansar da noite em branco, Dona Lourdinha (a esposa) deixou um dos filhos em seu lugar. Demorou pouco e ele levou a noticia à mãe. “Parece que papai acabou de morrer”, dissera.   

 

Como não poderia ser diferente, a família de seu João Barbosa também esteve presente no clube Lyra 8 de Setembro, onde aconteceu o velório, e no cemitério. Fernanda, hoje formada pelo esforço do pai, veio de Feira de Santana para a despedida. “Eu vim me despedir dele, pois ele é o amor da minha vida, a pessoa que mais amo. Eu sou alguma coisa hoje por causa dele, que me aconselhava e me orientava para a vida. Ele conversava comigo, e eu estava com saudade de dar um beijo nele”, disse Fernanda, emocionada.  
 

“Lembro-me de uma vez, durante a minha formatura, quando ele entrou no meu quarto e deu a noticia de que já tinha conseguido o recurso para a minha festa. Ele disse: ‘Filha, a porta do mundo se abriu para você. Nós já temos o dinheiro para a sua formatura’. Então, se eu sou alguma coisa, devo principalmente a ele”, reforçou Fernanda.   
  
Outro filho presente, Alexandre, que tem segurando a “barra” na Farmácia com a ausência do pai, circulava no meio do povo com um buquê de flores nas mãos. Com o semblante triste e preocupado, ele era confortado por populares com abraços e palavras de carinho. Em silêncio, Alexandre ouvia tudo, mas o pensamento estava no homem que heroicamente o adotou como filho e que estava partindo para o outro mundo, ou havia desencarnado, como diz a doutrina espírita.  

Reflexão e homenagem
Qual cidadão desta cidade não gostaria de homenagear e se despedir de “Seu João Barbosa” numa hora como esta? De minha parte, renuncio à condição de jornalista neste momento para também ter o direito de agradecer as palavras dele, que, com certeza, não se espalharão como folhas secas pelo chão.  

Por Evandro Matos no portal Interiordabahia.com.br

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